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Investimento em universidades retorna à sociedade

Três grandes universidades paulistas encabeçaram o levantamento

Investimento em universidades retorna à sociedade. Nesta pesquisa, há três grandes universidades paulistas que encabeçaram o levantamento.

O investimento em ensino público de qualidade como forma de beneficiar a sociedade é uma iniciativa que dá frutos.  De acordo com divulgação do estudo,  por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade Estadual Paulista (Unesp). O que se destaca é que as verbas aplicadas na formação de alunos de graduação das três instituições retornam na forma de produtividade profissional, com valor 14,5% maior.

Assim, para demonstrar os resultados, no artigo, as três grandes universidades públicas paulistas valem o que custam? Os pesquisadores Carlos Azzoni, Moisés Vassallo e Eduardo Haddad estabeleceram um comparativo salarial. Dessa forma, isso se explica porque, na economia, o nível de produtividade tem sua medição na remuneração. Portanto, a conclusão foi de que, somados, os orçamentos das instituições totalizavam R$ 10,98 bilhões, enquanto a produtividade dos egressos equivalia a R$ 12,57 bilhões, em 2018.

Descobriu-se que, naquele ano, os estudantes de graduação da USP, Unicamp e Unesp apresentaram uma produtividade 62% maior do que trabalhadores que obtiveram o diploma universitário por outras instituições de ensino do país.

Em suma, o estudo destaca, ainda, que egressos das três universidades paulistas atingem uma produtividade 24% superior à média de todos os trabalhadores e de 30% acima do conjunto de trabalhadores do setor privado. Portanto, cada egresso das três universidades teve um acréscimo de produtividade anual médio de R$ 27,8 mil em relação aos demais trabalhadores com nível superior.

Investimento em universidades retorna à sociedade

Investimento em universidades retorna à sociedade

A cada ano, 16 mil alunos concluem a graduação nas três universidades, número considerado na conta dos autores do estudo. Outra variante do cálculo é o tempo de carreira profissional. Nesse caso, os pesquisadores definiram como parâmetro a duração média de 40 anos.

Na pesquisa, extraem-se números da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), de 2018, produzida pelo agora extinto Ministério do Trabalho, para tratar do mercado de trabalho formal. A Rais abrange empregados celetistas e servidores da administração pública direta ou indireta.

A análise contemplou o salário dos 138 mil formados pela USP, Unicamp e Unesp, no período de 2005 a 2015, que constam na Rais. A partir disso, os pesquisadores relacionaram tais dados aos de 13 milhões de profissionais com nível superior universitário formados em outras instituições do país.

Educação como motor da capacidade produtiva

Para o coordenador do estudo, Carlos Azzoni, pesquisador da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, a dificuldade está em convencer a sociedade da importância da educação, já que muitas contribuições não são tão palpáveis. Ele avalia que a sociedade perderá muito com desmontes na área da educação, o que afetará não só a atual, mas, “principalmente, a do futuro”. “O produto [da educação] não é visível para quem tem um olhar míope”, afirma.

Como argumento, a equipe sublinhou que a taxa de retorno do investimento nas três universidades é  2,78% ao ano. Isso, somente com as atividades de graduação (3,9% para a USP, 0,65% para a Unicamp e 3% para a Unesp). Isso significa que, para cada R$ 1 alocado, a sociedade como um todo obtém um retorno de 2,78% ao ano, em termos de aumento do produto social.

Investimento em universidades retorna à sociedade

“[O investimento na educação] é um investimento importante, ele muda o país, ele muda o futuro. A questão toda é que ele não é muito visível. O resultado não é palpável, não há estrada, não é uma ponte pela qual você passa todo dia. Aí, a defesa desse investimento, porque é um investimento, não é um gasto. O que, às vezes”, não é muito compreensível, complementa Azzoni.

“A educação não é importante só sob o ponto de vista ideológico. É importante para formar melhores cidadãos? Sim. Mas o que estamos mostrando [no estudo] é que, do ponto de vista de aumentar a capacidade produtiva do país, a educação tem um papel relevante, além dos outros papéis”, diz.

Perda orçamentária

Diante do potencial transformador das universidades públicas, os pesquisadores chamam a atenção para o Projeto de Lei 529/2020, que tramita na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), desde agosto, em regime de urgência.  Governador João Doria apresentou a proposta  e que recebeu críticas dos membros da comunidade científica.

Igualmente, em nota com assinatura da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBCP) e outras entidades importantes, ressalta-se a possibilidade de o projeto ocasionar a perda de mais de R$ 1 bilhão para a USP, Unicamp e Unesp. Tais entidades que são responsáveis por mais de 33% da produção científica e tecnológica do país. A perda se deve ao fato de o projeto almejar a transferência do superávit financeiro de autarquias e fundações para a Conta Única do Tesouro Estadual, ao final de cada exercício, conforme esclarecem Azzoni, Vassallo e Haddad.

Então, procurado pela Agência Brasil, o governo estadual de São Paulo frisou que o projeto não tira dinheiro das universidades e nem da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de SP. “Os orçamentos destas instituições são intocáveis por lei. O Governo propõe que o dinheiro que está sobrando no caixa delas seja realocado e usado onde falta. Ou seja, em  pagamento de servidores ativos e aposentados em 2021, bem como, nos serviços públicos de educação e saúde que serve a toda a população. O Governo de SP, por exemplo, destinou R$ 1,3 bilhão para Fapesp no ano passado. Isto é, o maior repasse desde 2013 e apenas 30% foi comprometido até julho. Ou seja, a Fapesp ainda tem em caixa cerca de R$ 1 bilhão a serem aplicados”, disse em nota.

 

Investimento em universidades retorna à sociedade
Na Mídia, divulgação

 

Edição: Aline Leal

Fotos: Thomaz Marstegan

Fonte: Letycia Bond
Repórter da Agência Brasil – São Paulo

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Uiara Zagolin

Jornalista, Editora do portal Na Midia, colunista no Brazilian Times nos EUA e High Profile Magazine UK, Vice Presidente da APACOS, Diretora de Rel. Int. da Febraccos, Delegada da Associação Internacional de Imprensa, Imortal da Acadêmia de Letras Artes e Ciências de São Paulo. Com formação no Canadá, EUA e UK.

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