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'Respect', de Aretha Franklin, é mais que uma música: entenda a importância deste hino feminista


Clássico da música americana apareceu em cerca de 30 filmes. Canção de Otis Redding transformada por Aretha, que morreu aos 76 anos, foi retomada por vários movimentos de reivindicação. Aretha Franklin se apresenta na estreia de ‘Clive Davis: The Soundtrack of Our Lives’, durante o Festival de Cinema Tribeca 2017, em Nova York
Charles Sykes/Invision/AP/Arquivo
“R – E – S – P – E – C – T!”: mais do que uma versão da canção de Otis Redding, a enérgica gravação de 1967 de “Respect” por Aretha Franklin transformou esta música em um hino político e feminista, consagrando sua intérprete como a rainha do soul com apenas 25 anos. Ela morreu na quinta-feira (15) aos 76 anos.
A revista “Rolling Stone” coroou este sucesso internacional como a quinta melhor canção “de todos os tempos” em uma lista de sucessos publicada em 2004, na qual Aretha Franklin aparecia atrás apenas de Bob Dylan, Rolling Stones, John Lennon e Marvin Gaye.
“Respect” foi escrita e gravada por Otis Redding em 1965, mas foi a versão de Aretha Franklin, com seu refrão contagiante, que a fez passar à posteridade.
Na versão de Redding, um homem exige o respeito de sua esposa, um respeito que considera que ela lhe deve já que ele é quem sustenta a família.
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Mas Franklin, em sua versão gravada no dia de São Valentim de 1967 em Nova York, elimina esse esquema tradicional, colocando as palavras na boca de uma mulher forte e dinâmica.
‘Uma nova alma’
A cantora de Detroit manteve os versos, mas acrescentou um coro dinâmico, com suas irmãs Erma e Carolyn, e algumas expressões, como este provocativo “Sock it to me”, que pode ser traduzido como “Me mostre do que você é capaz”.
E colocou ênfase no “R-E-S-P-E-C-T”: um respeito que não parece pedir, mas exigir.
“Para Otis o respeito tinha uma conotação tradicional”, assinalou o produtor de Aretha Franklin, Jerry Wexler, em sua autobiografia. “O fervor na voz de Aretha exigia esse respeito”.
“Não apenas mudou algumas palavras e o ponto de vista, como também lhe deu uma nova alma”, disse à agência France Presse a musicóloga americana Victoria Malawey, professora no Macalester College de Minneapolis-Saint Paul.
Aretha Franklin transformou a canção “de forma tão radical que até diria que a reescreveu”, acrescentou esta especialista em música pop.
O título saiu em seu álbum “I Never Loved A Man The Way I Loved You”, o primeiro com a Atlantic Records, e se tornou um hino feminista. Mas também deu voz aos negros na luta por seus direitos na década de 1960 nos Estados Unidos.
No momento certo
“Respect” atravessou os anos e foi retomada por vários movimentos de reivindicação, apontou Victoria Malawey. “É algo que vai além do texto e da melodia, que realmente nos transporta, que deu o seu poder à canção e fez com que durasse tanto tempo”.
“Era o que se necessitava naquele momento”, resumiu em 2016 a própria Aretha Franklin, citada pela revista francesa Elle, sobre esta canção que, em seu lançamento, esteve durante duas semanas entre as mais vendidas.
Com este grande sucesso levou os dois primeiros de seus 18 prêmios Grammy. E embora seja uma artista com uma grande caminhada, “Respect” a converteu na nova rainha do soul e do R&B e marcou também o início de sua carreira internacional.
Este clássico da música americana apareceu em cerca de 30 filmes, como “Platoon”, “Os Irmãos Cara-de-Pau” e “Forrest Gump: o contador de histórias”. Vários artistas, incluindo Stevie Wonder, fizeram as próprias versões.
Neste contexto, Otis Redding reagiu bem. Uma “boa amiga” que “a levou para longe”, disse com um sorriso sobre esta canção no palco em um Festival de Monterrey. Meses depois, em dezembro de 1967, morreu em um acidente de avião.
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Fonte: http://g1.globo.com/dynamo/pop-arte/rss2.xml

Marcos Morrone

Nascido em São Paulo Capital. CEO do Grupo Morrone Comunicações Ltda.

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