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A saúde mental da população com as fakenews

Como as fakenews podem produzir o delírio coletivo?

A saúde mental da população com as fakenews.

Psicólogo explica por que as pessoas acreditam em fakenews e como elas produzem o delírio coletivo. As fakenews não são apenas um problema político, mas também de saúde mental da população.

A saúde mental da população com as fakenews. A questão acerca do porquê as pessoas acreditam em notícias falsas é de suma importância para que possamos enfrentar esse mal. Mal que produz efeitos nefastos não somente na esfera política, mas principalmente na saúde mental de muitas pessoas.

O psicanalista e analista institucional Ronaldo Coelho, da capital paulista, explica que as pessoas começam a acreditar nas fakenews por escolha própria.

“No início as pessoas resolvem acreditar na noticia porque é justamente aquilo que elas querem acreditar ou já é o que ela pensava e queria que alguém reforçasse”, diz. Segundo Ronaldo, devemos pensar que a adesão a uma ideia se faz menos pelo seu caráter racional e mais porque aquele discurso fortalece ou enfraquece as ações das pessoas no mundo.

“Funciona da seguinte maneira: quando vejo uma reportagem a tendência é fazer um cálculo imediato de se aquilo vai me dar voz ou vai fazer eu calar o que eu penso. Quando aquilo dá voz ou fortalece minhas ideias, a chance de eu acreditar sem buscar as fontes é muito grande. O contrário acontece se é uma notícia que me faz calar”.

A saúde mental da população com as fakenews

O analista nos diz que esse movimento, pode se agravar ao ponto que uma pessoa só passa a acreditar em informações advindas de um determinado viés político.

E acreditar, mesmo quando são nitidamente falsas e sem nenhuma comprovação.

“Neste momento se realizou uma ruptura com um processo psíquico importante que é a prova de realidade. Freud nos ensina que a prova de realidade depende de estratégias para que possamos julgar se algo é real ou não, diferenciando o que é apenas meu pensamento do que é de fato real.

Quando não é mais preciso fazer essa diferenciação entre o que penso ou o que eu gostaria que fosse e o que de fato é, perdemos essa linha que define o que eu sou e o que eu não sou.

O eu se desintegra. É a experiência da loucura”, explica o especialista.

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A partir deste ponto não é mais possível saber o que é verdade ou não, pois se negou o mecanismo que poderia fazer essa prova, é como se a pessoa não tivesse mais capacidade de julgar. De fato, esse é um movimento psíquico parecido com um fenômeno que ficou conhecido como gasliting.

A saúde mental da população com as fakenews

A saúde mental da população com as fakenews

O termo vem de um filme com o mesmo nome onde um homem nega sistematicamente a percepção da esposa. E, assim, na cena que dá nome ao filme, onde as luzes de gás estão oscilando e ele dizendo a ela que ela estaria alucinando, a mesma surta.

“No gasliting o abusador leva a vítima a duvidar da própria percepção a respeito de fatos que ela vive. Quando a vítima resolve acreditar no outro ela rompe com a possibilidade de tirar a sua prova de realidade. E, assim,  depois de um tempo não consegue mais acreditar em nada do que perceba, sinta ou pense. É um mecanismo parecido com as fakenews“, finaliza Ronaldo.

A saúde mental da população com as fakenews

Fotos: Divulgação / Arquivo Pessoal

Fonte: Mayra Barreto Cinel
Assessoria de Imprensa

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Uiara Zagolin

Jornalista, Editora do portal Na Midia, colunista no Brazilian Times nos EUA e High Profile Magazine UK, Vice Presidente da APACOS, Diretora de Rel. Int. da Febraccos, Delegada da Associação Internacional de Imprensa, Imortal da Acadêmia de Letras Artes e Ciências de São Paulo. Com formação no Canadá, EUA e UK.

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