Música

Marcelo Lavrador lança álbum “Violão Nordestino Instrumental”

Álbum é uma homenagem à cultura musical nordestina e traz participação de grandes nomes

Marcelo Lavrador lança álbum “Violão Nordestino Instrumental”

Antes de mais nada, chegou as plataformas digitais o novo trabalho de Marcelo Lavrador, “Violão Nordestino Instrumental”, produzido por Ricardo Vignini e pelo próprio Lavrador. O disco foi gravado, mixado e masterizado no Estúdio Bojo Elétrico, entre janeiro e abril de 2023.

De certo, Marcelo Lavrador faz de seu álbum uma celebração de suas raízes. “Violão Nordestino Instrumental ” é uma homenagem, com olhar criativo, à cultura musical nordestina. O disco ainda conta com participações especiais de grandes nomes, entre eles, por exemplo:  Badi Assad, Toninho Ferragutti, Marcos Suzano, Ricardo Vignini, Socorro Lira, Bruno Menegatti e também André Rass.

Trajetória

A música faz parte da trajetória do paulistano Marcelo Lavrador desde a infância. Aos 7 anos já se arriscava no violão Di Giorgio que ganhou de seu pai. Influência de uma família musical e de sua profunda admiração por Baden Powell, Toquinho, Paulinho Nogueira, João Bosco entre outros. Marcelo cresceu e o que era brincadeira tornou-se vocação, profissionalizou-se. Estudou, inclusive, no lendário Centro Livre de Aprendizagem Musical (CLAM), criado pelo Zimbo Trio na época de ouro. Ainda  cursou Licenciatura em Música no Instituto de Artes da UNESP. Enfim, nestes 30 anos de carreira lançou seis discos. O “Violão Nordestino Instrumental” que Lavrador nos traz agora tem 13 músicas, sendo, portanto,  12 músicas autorais, e o clássico “Qui Nem Jiló”, de Luiz Gonzaga e também Humberto Teixeira.

Faixa a Faixa

Exu

De certo, Lavrador participou, como convidado, de uma turnê teatral que percorria o Nordeste. Inclusive, ao chegar ao chão de Pernambuco lembrou-se do mais notável músico nordestino. Resolveu, portanto, antes de juntar-se à trupe, visitar Exu, a cidade de nascimento de Luiz Gonzaga. A emoção que sentiu ao chegar a essa região foi tão forte, que esta música, que abre portanto o álbum, foi composta inspirada nas recordações de lá. Lembra que Exu é o orixá que abre os caminhos, Laroyê! Sob medida como primeiro passo para a jornada deste disco. Marcelo Lavrador no violão, no baixo Renan Dias, com percussão de André Rass.

Violeiro na Porta da Igreja

Marcelo Lavrador toca violão de 7 cordas, Bruno Menegatti na rabeca, percussão de André Rass e Socorro Lira na narração do poema do Lavrador. Portanto, um baião, que, como diz o título, relata um violeiro a tocar nos degraus de uma igreja em hora de missa. Lavrador conta que o poema surgiu em sua cabeça, como se tivesse sido psicografado. Para ele Socorro Lira fazia falta à cena artística brasileira. Marcelo considera um privilégio poder contar com a voz forte e expressiva de Socorro para interpretar e traduzir inclusive com tanto talento toda a emotividade contida neste pequeno e também significativo poema.

Qui Nem Jiló

O cantor fez um arranjo para violão solo à princípio, entretanto sentiu a necessidade de que a faixa tivesse mais cores. Resolveu que o baixo elétrico e o acústico ficassem nas mãos de Renan Dias. André Rass traz sua criatividade à percussão. Marcelo teve a ideia de que seria interessante acrescentar uma sanfona. Não sabia quem poderia chamar. Foi quando Ricardo Vignini sugeriu o Toninho Ferragutti. Portanto, um encontro perfeito. Segundo o violonista: “Toninho Ferragutti é um gigante. Ele honra a sanfona original de Luiz Gonzaga. Comprova porque é, hoje, um dos maiores instrumentistas do Brasil.”

Por Dentro D’água

Marcelo nunca esquece de confirmar a grande importância de Badi Assad em sua obra. Ao conhecê-la pessoalmente criou-se  enfim de imediato uma amizade, em que se sentia o discípulo, com Badi como a mestra. Inspirado no trabalho de percussão vocal e corporal da cantora criou Por Dentro d’Água. Acredita que ela é também ompositora da música, “uma recriação da inspiração criadora”. De certo, as vocalizações de Badi nesta canção podem ser consideradas como a voz cantada a acompanhar o violão solitário de Lavrador.

Mata Cavalo

Uma música entre o baião e o xaxado, com toques de jazz e de música brasileira instrumental. Nela relembra, portanto,  histórias de seu pai, o baiano José Santana, quando viajava a um sítio no interior da Bahia em que, em parte do caminho, cavalos não conseguiam passar. E era seguir a pé ou de jegue. Mata Cavalo é também como José Cândido de Carvalho chama a fazenda de seu romance O Coronel e O Lobisomem.

Enfim, Marcelo Lavrador no violão, Marcos Suzano toma conta do pandeiro com sua irretocável técnica, Júnior Kaboclo dá seu toque nordestino com sua flauta transversal e pífanos, Renan Dias no seu baixo com sua incrível musicalidade técnica.

Ariana Armorial

Esta peça foi composta primeiramente para violão de 6 cordas, mais tarde adaptada pelo próprio Marcelo para o de 7, para melhor explorar o som dos graves e experimentar diferentes afinações. De certo, ele se inspirou, portanto,  no inesquecível Quinteto Armorial, do berimbau, da viola nordestina. Além disso, o título homenageia o idealizador desse movimento, Ariano Suassuna.

Caçote

Para esta música, Lavrador também procurava um colorido especial que a realçasse. Acreditou que a solução poderia vir de Marcos Suzano no pandeiro/ percussão e de Bruno Menegatti na rabeca acompanhando os acordes do seu violão. Segundo o músico “Marcos Suzano não é apenas um instrumentista que sabe explorar os meandros entre diferentes sonoridades e ritmos. Antes, é o músico que mudou o modo de tocar o pandeiro… Sua influência sobre meu trabalho é enorme.”

Esperando Nara

De certo, foi composta durante a pandemia, quando Lavrador e a Ana Lúcia estavam grávidos de Nara, que logo chegaria para que a vida alegrasse o casal em meio à pandemia. A música é apresentada pelo Marcelo Lavrador no violão, Renan Dias no baixo e Thiago Fermino na percussão.

Recado

Trata-se de um baião estilizado onde novamente nota-se um quê de jazz e da música instrumental. Somando-se ao seu violão, Lavrador conta com o baixo acústico de Renan Dias, a percussão de André Rass, e a viola caipira de Ricardo Vignini que realiza, portanto,  um encaixe com toada do Quarteto Novo.  Enfim, Marcelo conta que ele e o violeiro e produtor conheceram-se aos 13 anos. Ele e Ricardo eram vizinhos e começaram a tocar juntos, embalados pelo Rock and Roll e também Heavy metal dos anos 80.

Baião de Dois da Adenir

Este solo de violão é uma homenagem ao “delicioso prato Baião de Dois”, cozido por sua tia Adenir Farias, cearense radicada em Maceió. A canção foi lançada em seu primeiro álbum, “Casa das Bruxas”. O autor decidiu regravá-la “pelo cheiro, pelo gosto, pelo som deste Baião de Dois”.

Maracutaia Esferográfica

Foi ao assistir ao Duo Fel, e a Badi com Zig Zum, a banda Cabruera com uma capa da caneta esferográfica, com que Marcelo percebeu a sonoridade de arco conseguida ao se esfregar uma vareta às cordas. Depois, inclusive, viu Arthur Pesso e Rodrigo Cataia conseguirem esse resultado utilizando também a capa de uma caneta esferográfica. Assim chegou ao som de arco para esta Maracutaia Esferográfica. Marcelo cita portanto conotações barrocas, como, por exemplo, um pedal característico da obra de Bach. Enfim, a percussão de Thiago Fermino completou o resultado.

Pepe e Faísca

Esses são os nomes dos gatos da cearense dona Graça, mãe do compositor. Inclusive, ele compunha enquanto os bichanos corriam e brincavam ao seu lado. Daí apareceu este coco estilizado, inclusive com toques de choro e música instrumental: “uma melodia que flerta com a música nordestina”, segundo o músico.

Bença Dominguinhos

Sobre esta peça que, enfim,  encerra o álbum, Marcelo Lavrador diz: “Compus ‘Bença Dominguinhos’ em 2013 após a morte do eterno Dominguinhos. Resolvi que a homenagem à sua lembrança deveria fechar este álbum. Assim, no baixo, o grande amigo e baixista Renan Dias, na percussão André Rass, e a sanfona do grande Toninho Ferragutti.”

De acordo com Marcelo “A arte de viver a música traz no íntimo o verdadeiro significado de ser e sentir a sonoridade do instrumento, seu ritmo musical, a arte no que tem de mais perfeito”. É com essa ideia que ele nos brinda com as músicas de seu mais recente trabalho.

Serviço

Lançamento Violão Nordestino Instrumental

Marcelo Lavrador

Em todas as plataformas de música

Distribuição: Tratore

Álbum produzido por Ricardo Vignini e Marcelo Lavrador

Capa e Projeto Gráfico: Yuri Garfunkel

Fonte do Título: Victor Santos

Foto: Rita Perran

Assessoria de Imprensa: Graciela Binaghi

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Cristina Aguilera

Cristina Aguilera é jornalista com pós graduação em Mídias na Educação pela Universidade de São Paulo (USP) . Foi repórter de tv, rádio, revista, assinou colunas de Turismo e Moda. É co autora do livro “ A educação contada pela imprensa” junto com Cesar Callegari. Adora moda, turismo, educação, literatura, designer e cultura.

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